Pergunta tão presente num processo de análise. Questão que perpassa toda a nossa vida. Estamos em constante movimento, nos transformando e com isso acrescentando e modificando as possíveis respostas para essa pergunta.
Nosso eu é construído a partir das nossas primeiras relações. De acordo com a Psicanálise, nossa autoimagem é aquela que o outro (nossas primeiras relações) nos devolveu. Necessitamos de um outro que nos defina e nos reconheça enquanto sujeito para desenvolvermos nossa subjetividade.
Sendo assim, o olhar do outro é importantíssimo no processo de construção psíquica. No entanto, esse olhar pode também nos inibir, nos sufocar e nos negar. Como encontrar a boa distância?
Primeiramente, precisamos retomar nossa história familiar e o papel que desempenhamos nas relações, refletindo sobre o que nos caracteriza, nos fragiliza e nos provoca emoções.
Frequentemente nos encontramos “aprisionados” numa imagem de si construída na infância. Essa imagem constantemente nos limita e nos gera angústias e bloqueios. Isso ocorre porque ao longo desse processo de construção de si mesmo, não ousamos ser outras coisas além do que o outro nos determinou.
A análise pessoal é muito importante, pois nos acompanha nesse processo de descobertas sobre o que somos e desejamos ser além do que nos foi colocado na infância. Contar e refletir sobre os elementos da nossa história é essencial para avançarmos nessa exploração.
Numa análise, falamos sobre os sonhos, os atos falhos, as angústias, e tudo que nos vem “sem querer” à cabeça. A partir das associações que ocorrem no decorrer dessas falas se abrem possibilidades de sermos.
A capacidade de se questionar sobre as certezas, as escolhas e os medos é imprescindível para caminharmos em direção às nossas profundezas.
“Começo a conhecer-me. Não existo. Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram, ou metade desse intervalo, porque também há vida… sou isso, enfim”
Fernando Pessoa